Sobre o tempo e uma foto que não posso mostrar

São quase 3h da manhã. Tenho que dormir pra acordar cedo, pra acordar mais uma segunda feira. Não, não é "mais uma segunda feira". É "outra segunda feira". Cotidiano não é comigo.
Mas mesmo com sono não deito. Porque fiquei pensando no tempo. Fiquei pensando que são quase 3hda manhã.
Tenho certeza: tem alguém roubando meu tempo. Tem alguém se apoderando de muitos dos meus preciosos minutos. Porque não é possível que o tempo esteja passando tão depressa. Não pode ser que já seja "outra segunda feira". Não posso acreditar que agosto já tá acabando, que ano que vem é 2010, que em 2011 eu faço 30 anos.
Vejam bem, meu problema não é com a idade. Não é com o tempo vivido. É com o tempo que tá acabando. E com essa sensação de que tem alguém tirando-o de mim. Só pode ser!
Fiquei lembrando de um dia do verão deste ano. Que eu estava em Santelmo e tava um sol de rachar cabeça de argentino e turista, indiscriminadamente. E a dançarina de tango tava fazendo uma pausa porque nem os furinhos da meia dela conseguiam refrescar.
Ela estava sentada debaixo de uma sacada. Com as pernas esticadas na sombra, abanando vento quente. Tão bonita.
E eu não tinha levado minha máquina de fotos. E eu não tirei essa foto. Quer dizer, eu tirei porque tá aqui na minha cabeça até hoje mas não pude registrar para poder compartilhar. E por isso expresso aqui com palavras. E não com uma foto, a foto que eu não posso mostrar.
Quero que chegue o verão para procurar a dançarina. Pra que faça um sol danado e ela tenha que procurar a sombra de novo. Pra que eu possa roubar essa imagem e mostrar pra vocês.
Mas não sei se quero, tão ansiosamente, que sejam quase 3h da manhã de um dia de verão. Porque não quero que o tempo passe.
(Pega ladrão!!!)

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