Saramago está de olho

Acabei de ficar sabendo. Em poucas horas, outros zilhões já escreveram sobre o assunto, já citaram suas frases prediletas, já lamentaram. Mas isso não evita que eu esteja aqui chorando feito uma tonta. Ô gente, que tristeza. O Saramago foi-se embora.
E ia dizer "não está mais aqui". Mas seria mentira, exagero da tristeza. Está nas livrarias, na minha estante. Está no blog dele. Está na memória de muita gente.
Mas....minha tristeza não é só pela morte do Saramago. Eu sempre gostei muito do que ele escrevia mas não posso ser considerada uma "fanática" se comparada a tantos outros por aí.
Dele, li 3 livros. E sempre tive vontade de ler mais, mas sem aquele desespero da idolatria.
O que eu queria mesmo - e aqui vem o egoísmo confesso - era entrevistá-lo. E, por isso, acho, estou ainda mais triste. Não cheguei a tempo.
Então a melancolia foi um pouco também pelo meu descaso com meu sonho de praticar mais a profissão de jornalista, com o diploma (sequer necessário hoje em dia...) guardado com carinho numa pastinha no fundo da gaveta.
E pensei que venho falando há tanto tempo que quero me dedicar ao que eu mais sei fazer, ao que me é mais natural. E venho repetindo que "meu sonho é entrevistar as pessoas assim como elas são", entrevistar quem escreve, quem fala, quem cria alguma coisa, quem sente essa coisa de "a arte existe porque a vida não basta".
Pois é, fiquei triste por mim mesma também (e que coisa triste ficar triste por si mesmo).
Mas aí senti aquela coisa que só quem vai gera em quem fica. E só quem fica pode sentir. Uma vontade desesperadora de fazer tudo que está pendente. De parar de enrolar. De entender que o tempo sabe ser "bacana" com a gente, mas generoso JAMAIS.
Acho que passamos nossa vida profissional esperando a empresa, a ONG ou até a pessoa-física-perfeita que virá nos propor o emprego-príncipe dos sonhos.
Talvez não seja assim. Talvez seja necessário começar a contratar a si mesmo. E confiar na escolha.

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